Impulsionando Colaboração, Incentivando Diversidade

Paola Mosso
Anca Matioc
Fernanda Villaseñor

Pensar em diversidade é algo distinto para cada um de nós. As categorias, as arestas que a definem e as modificam se formam com nossa história e se constroem com nossa reflexão sobre ela. Por mais que pareça cada vez mais publicamente necessária, a proposta de um espaço diverso pode ser tão abstrata que corre o risco de ser uma tendência vazia sem atingir de fato um impacto nas comunidades.

Para The Engine Room, não é só um valor, mas também um elemento central para mobilizar a afetividade e as capacidades de uma organização focada em transformação social que busca trabalhar com diferentes comunidades e desafios. Vemos “diversidade” como essencial para o desenvolvimento e para que o desenho das tecnologias de mudança social contribua nas mudanças do mundo. Acreditamos que a integração de múltiplos enfoques poderá nos conduzir à estratégias mais efetivas ao enfrentar as problemáticas sociais, tal como a luta anticorrupção na América Latina e no Caribe.

Quebrando a zona de conforto

Há um mês reunimos mais de 60 pessoas da região no Rio de Janeiro para pensarmos em como abordar de maneira transfronteriza os desafios que enfrentamos em termos de corrupção e prestação de contas.

Quando começamos a idealizar a facilitação neste espaço para que diferentes vozes da região pudessem se encontrar e criar futuros, intencionamos o desafio da diversidade como um elemento transversal para articular nossa metodologia de projeto. Conhecemos a utilidade de espaços de trabalho de pessoas das mesmas comunidades de prática, mas a ideia era despertar a possibilidade de pensar em estratégias integradas, buscando criar una experiência na qual os participantes pudessem sair das suas zonas de conforto e intercambiar ideias.

Projetando para la diversidade

Acompanhadas pelas reflexões e experiências de nossos grandes parceiros regionais — Maricarmen Sequera e Lupa Fulchi da TEDIC, Colombina Schaeffer da Fundación Ciudadano Inteligente, Nelly Luna do Ojo-Público, Pedro Vacca da FLIP e Luti Guedes de Fundação Cidadania Inteligente — criamos una paleta de diversidade para selecionar os participantes.

E o que esta paleta de diversidade contemplava? Entre as cores da paleta, buscamos que os participantes tivessem experiência em algumas das áreas de foco (anticorrupção, impunidade, liberdade de imprensa, transparência, prestação de contas e segurança organizacional), e também variedade em relação ao nível de maturidade desta experiência. Muito importante também foi que incentivamos os participantes a criar pontes, colaborar e co-construir.
Assim, recebemos no Rio de Janeiro um grupo heterogêneo em relação a:

  • Países, con participantes de 11 países: Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Paraguay e Perú
  • Setores transversais, com representantes do jornalismo investigativo, organizações da sociedade civil, incidência
  • Gênero, com quase metade de mulheres participando e liderando instâncias do evento
  • Maturidade, com una variação da idade de organizações e participantes, alguns com trajetórias estabelecidas em anos de prática, outros com enfoques inovadores no uso de tecnologias e metodologias
  • Áreas de trabalho centradas em tecnologia, na incidência e na participação cidadã
  • Nicho de trabalho, monitoramento direcionado às alianças e participação

Cada umx chega com a sua história para se encontrar com as outras

Durante dois meses, que incluíram uma convocatória aberta a participar, chamadas comunitárias com os participantes lideradas por nossos parceiros e jornadas de reflexão da equipe, desenhamos um evento de dois dias com os objetivos, necessidades, perguntas, preocupações e limitações do nosso público em mente.

O lugar que escolhemos para o trabalho foi o Territorio Inventivo (TI), um espaço comunitário co-gestionado por distintos coletivos dea cidade, entre eles, Mídia Ninja —crucial na visibilizacão de movimentos cidadãos no Rio de Janeiro—, eLABorando, e Serigrafarte. TI é hoje um espaço que busca construir zonas autônomas e frentes táticas, que se convertem em campos de criatividade, resistência e mobilização.

As dinâmicas foram facilitadas por nós e nossos parceiros, que levamos em nosso chip a ideia de encorajar todas as vozes a participar de cada momento, de fomentar o respeito a cada um durante as discussões, de não escapar, mas sim de explicar tecnicismos, de sermos ativos em descobrir como escutar e manter o diálogo reflexivo. Ainda assim, criamos um marco de interação cujo objetivo era fazer com que todos se sentissem à vontade, compartilhando a través de nossas Normas de Convivência.

Durante dois dias, procuramos manter a energia, o entusiasmo e a participação através de un mix de metodologias, que foram desde apresentações dinâmicas dos parceiros sobre momentos críticos de corrupção à nível nacional, até dançar os últimos hits dos artistas com contas off-shore como prévia para receber suporte de um invejável conselho assessor composto pelos mesmos participantes. Isto tudo com “pensamento em utopias de Sambódromos”, onde criávamos propostas coletivas para melhorar a democracia em uma experiência “deliciosa”. Em dois dias as mentes se uniram para dividir, a partir de seus contextos e práticas, e construir, dessas experiências diversas, com um foco e desafio em comum.

E o que aconteceu?

Os participantes mantiveram uma atitude positiva ao experimentar, ao baixar aguarda, ao criar. As novas conexões trouxeram momentos que deram “click” em projetos próprios e que durante o segundo dia, abriram inspiração a ainda novos projetos a partir da análise de novos momentos críticos de corrupção no marco das eleições.

Os participantes geraram alianças transfronterizas que já estão dando luzes de trabalho em conjunto, além das possibilidades de levar metodologias facilitadas durante todo o processo e o evento em si mesmo, de volta às suas organizações.

Não foi um evento “mágico” onde se levantaram estratégias completas para combater a corrupção, mas acreditamos que ao ter diversidade em mente, enriquecemos todxs enquanto comunidade e indivíduxs, e que se as sementes foram plantadas a nível individual, organizacional e de comunidade.

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